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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Vivendo na temperatura mínima


Em alguns países, o dia-a-dia dos cães pode ser bem diferente, principalmente em regiões onde o inverno é longo e rigoroso e os animais têm que enfrentar temperaturas abaixo de 0o.C. Como será que eles vivem?
por Andrea Spina Borlenghi (Minnesota - USA)
Chegamos em Minnesota há seis meses. Uma mudança para outro país nunca é fácil - ainda mais quando se tem alguns bichinhos de estimação. Tiny e a Tuly são duas Mini Pinschers que fazem parte da nossa família há pouco mais de dois anos. A adaptação à nova vida foi difícil principalmente por causa do clima. Chegamos à temperatura de -26ºC !! A sensação é difícil de traduzir. Até os nativos não se acostumam a temperaturas tão baixas.
Quando chegamos, o outono pintava o cenário por aqui, mas a grama continuava verde. Tiny e Tuly perceberam uma enorme diferença: apesar dos grandes gramados, correr livre é coisa para "pets" de outro país. Aqui, para andar em qualquer lugar, só com guia - e as guias ainda tem medida certa!

A neve começou a descolorir a paisagem no final de novembro. O frio ainda era ameno, então, Tiny e Tuly iam conosco onde quer que fossemos. Elas podem até parecer normais aí no Brasil, mas aqui, em terras nórdicas, o minúsculo corpo das duas quase desaparece diante dos menores cães. Assim que percebiam que não se tratava de filhotes, as pessoas esqueciam as maneiras reservadas e vinham beijar, abraçar e conversar elas.

Botinhas de inverno

Casaco de pele
Com a chegada do frio intenso, era hora de fazer um guarda roupa de inverno para Tiny e Tuly! Em nossos passeios pelos pet shops vimos muitas novidades. Além dos casacos, jaquetas, sueteres e demais roupas de inverno, outros equipamentos chamavam a atenção: botas para andar na neve para evitar que as patas dos cães se queimem com o sal (espalhado pelas ruas e calçadas para derreter a neve), camas e acolchoados especiais para o inverno - alguns são elétricos, shampoos, condicionadores e loções para pele seca (podem ser usados o ano inteiro, mas é uma necessidade no inverno) e até rações com alto índice de caloria para os mais ativos enfrentarem as baixas temperaturas.
O rapidíssimo caminho do carro até as lojas, pet shops e outros recintos fechados foi se tornando cada vez menor à medida em que a temperatura caía. E as duas cadelinhas nem se lembravam mais o que era calçada. Tudo o que viam (mas não tocavam) era aquele "marshmalow" espalhado pelas ruas.
Com a temperatura caindo cada vez mais, as saídas de casa foram ficando cada vez mais raras. E a porta de vidro da sala foi se tornando o lugar preferido da Tiny e da Tuly. Através dela, as cadelinhas podiam ver os corajosos esquilos que ainda se arriscavam a pular daqui pra lá e a correr no que ainda restava do gramado. Os esquilos foram sumindo, o gramado, desaparecendo gradativamente.

Newfoundland
Num passeio que fizemos a um lago gigantesco, o Minnesota Lake, conhecemos raças interessantes, como Great Pyranese, Newfoundland e Bernese Mountain Dog, pouco conhecidas no Brasil, mas comuns por aqui. As três são muito parecidas, enormes, peludas e lindas. O Great Pyranese é todo branco, o Newfoundland é todo preto (ou branco e preto) e o Bernese, um pouco menor, é branco, preto e marrom. A pelagem abundante confere a esses cães resistência para enfrentarem as ruas nos dias mais frios.
Um dia, ao acordarmos, vimos uma coisa muito bonita e diferente: a neve se acumulou e cobriu todas as superfícies, planas ou não. Apesar de linda, a neve congelou nossa vontade de sair de casa. Nem a Tiny e a Tuly tinham coragem de chegar perto da porta da rua, quando esta era aberta. O jeito, foi gastar a energia de nós todos dentro dos pet shops. Lá, pelo menos, as cadelinhas podiam andar à vontade (guiadas pelas coleiras) e chamar a atenção de quem quisessem. E assim foi durante cinco longos meses de temperatura abaixo de zero...

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